Camarão da Costa Negra, certificado com Indicação Geográfica. Arquivo: Portal da ACCN |
Camarão
grande e suculento são características do camarão produzido na região da Costa
Negra, uma faixa de 48 quilômetros de praias entre os municípios de Amontada e
Jijoca de Jericoacoara, litoral oeste do Ceará. Os primeiros criadores da
região perceberam que o camarão do lugar crescia muito e tinha a carne tenra.
Depois de vários estudos, eles descobriram que a areia escura era rica em
nutrientes que vão parar no mar e nos rios, água ideal para abastecer os
viveiros de camarão.
A
água do mar com os nutrientes combinados à ração especial faz os camarões da
Costa Negra crescerem mais do que em qualquer outro lugar do Ceará, maior
produtor do crustáceo no Brasil. A fama foi se espalhando, mas faltava o
reconhecimento da qualidade do produto. Para conseguir o selo de denominação de
origem os produtores tiveram que garantir o padrão no cultivo. Eles começaram a
produzir as próprias larvas do camarão.
As
matrizes reprodutoras vivem em tanques com a luz e a temperatura ideais para a
fecundação. Depois, as fêmeas são levadas para uma sala escura onde depositam
os ovinhos. As larvas passam por um controle. Aquelas que não atendem aos
padrões de cor e tamanho são descartadas. As selecionadas são colocadas em
tanques externos onde recebem microalgas cultivadas no lugar.
Depois
de 16 dias, os camarõezinhos são levados para viveiros ao ar livre. A ração é
colocada em comedouros submersos, abastecidos pelo menos quatro vezes por dia.
Após três meses nestas condições, eles já estão com o peso ideal de 15 gramas.
A
questão ambiental também foi importante para conseguir a certificação de
origem. Os produtores tiveram que comprovar que preservam 40% da vegetação
original das fazendas. O cuidado com a água também foi considerado. Antes de
ser devolvida ao leito, a água passa por tanques de decantação para que a
matéria orgânica fique no fundo e não vá para o rio.
Rubens
Sales, um dos 30 criadores da Costa Negra que poderão usar o Selo de Origem,
aguarda a etapa de criação do rótulo, que está em andamento no Ministério da
Agricultura.
Até
2005, o Brasil era líder de exportações de camarão para os Estados Unidos,
maior mercado consumidor do mundo. Na época, a valorização do real tirou a
competitividade do produto brasileiro. Agora a expectativa é a de que a
certificação do camarão da Costa Negra possa reabrir as portas do mercado
internacional. A expectativa dos criadores é que o camarão já com o rótulo de
procedência esteja no mercado até o fim deste ano.
(Com informações do g1)
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