quarta-feira, 25 de maio de 2011

Ambientalista de Acaraú/CE é ameaçada de morte

Ambientalista Mentinha: lutadora da causa ambiental
 
    "Fui ameaçada de morte por ser uma defensora do meio ambiente. E não escondo o que eu sou." Essa frase foi dita por Maria do Livramento Santos, mais conhecida como Mentinha, tesoureira da Associação Comunitária de Marisqueiros e Pescadores do Curral Velho (Acaraú/CE). A ambientalista, desde 1999, denuncia os impactos ambientais, como a devastação do mangue e questiona a instalação de empreendimentos, como de energia eólica, o que acaba, segundo ela, interferindo no interesse dos empresários, a quem atribui sua perseguição. Mentinha tem o apoio de agentes dos Direitos Humanos de Brasília que, nos próximos dias 30 e 31 de maio, estarão na Assembleia Legislativa do Estado, em Sessão para ficarem a par de casos de violência, como o sofrido por Mentinha.
    A ambientalista têm recebido constantemente ligações anônimas ameaçando-a de morte e até seu direito de ir e vir é comprometido. "Dia desse, estava no Shopping de Acaraú, sacaram uma arma pra mim, aí eu caí, quase morro. Passei uns dias fora de casa. Os agentes dos Direitos Humanos orientam que eu me mude, mas eu não abandono meu Acaraú não".
    Mentinha diz já ter sofrido várias vezes represálias por sua luta ambiental e denuncia o autoritarismo com que tem sido tratada pelos empreendimentos e até mesmo pela polícia.
A ambientalista afirma que nas audiências públicas para a instalação das eólicas, chegou a ser impedida de assistir, mesmo convidada pelos órgãos ambientais.
    Segundo Mentinha, foi impedida de adentrar às audiências a mando dos donos do empreendimento eólico, uma vez que ela tem uma grande luta contra a instalação dos parques eólicos. "Fui barrada várias vezes nas audiências públicas para apresentação das propostas de instalação das eólicas. A polícia achou de jogar a gente assim como fôssemos um saco de batatas. Fizemos Boletim de Ocorrência (B.O.), denunciei aos agentes dos Direitos Humanos, a Central Pastoral de Pescadores (CPP), Terramar, nossos parceiros".
    A tesoureira da Associação de Curral Velho aproveita para apontar os inúmeros danos causados ao meio ambiente devido a instalação dos parques eólicos, como a devastação do mangue com o transporte dos aerogeradores, a poluição visual das praias e a privatização do espaço público que é a praia. "Quando eu tava passando lá no Morgado, um vigilante lá da empresa eólica me disse assim: que eu passava naquele dia por ali, mas dentro em pouco tempo não passava mais".
    A engenheira ambiental da empresa  eólica Impsa Wind, Silvia Honorata de Oliveira afirma que houve mais de 50 audiências públicas onde expuseram seus projetos a todos os órgaos ambientais e a comunidade teve direito de expor sua opinião. A engenheira afirmou que os impactos negativos existem apenas na fase de instalação das empresas e que são inúmeros os benefícios à população, entre os quais citou o Imposto Sobre Serviço (ISS) e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), revertidos em benefício à população local. A demarcação e doação de lotes de terra a comunidade é outro impacto positivo apontado.
     Quanto à denúncia de privatização da praia, Silvia nega, afirmando que o "espaço é um bem público, da União e  a empresa não restringe de modo algum o acesso à prais de visitantes".
     A engenheira defendeu que a empresa ainda gera inúmeros empregos diretos e indiretos. Essa informação não bate com a repassada por Mentinha. "Eles empregam na fase de instalação. A pessoa não pode contar com aquele dinheiro para fazer uma prestação. Tá hoje e amanhã não tá. Eles empregam muita gente de fora".
    A Impsa dispõe de dois parques eólicos em Acaraú: na praia do Morgado e na Volta do Rio e propõe ser uma energia limpa, ou seja não tão poluente como outras formas de energia (hidrelétrica, nuclear) não emitindo gases tóxicos como CO2, colaborando para a redução do efeito estufa. 

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