Papa Bento XVI, que renunciará dia 28 (foto: Veja) |
"Fui pego de surpresa! Soube
hoje de manhã pela televisão!" Essa frase foi dita pelo Padre Flávio
Fernandes, da Área Pastoral de Juritianha (distrito do Município de Acaraú),
acerca da renúncia, no próximo dia 28 de fevereiro, do papa Bento XVI, líder
dos católicos. “O Santo Padre não agiria de modo impensado e se agiu assim é porque deve ter refletido bastante para chegar a essa decisão”,
declarou padre Flávio.
Para o padre de Acaraú, que relata
ser possível canonicamente a renúncia, já tendo sido registrados na história da
Igreja Católica casos de papas que renunciaram, o atual Pontífice marcou a
Igreja Católica tanto pelo “seu alto grau de conhecimento teológico, como pela
riqueza do seu trabalho na elaboração dos inúmeros documentos eclesiásticos que
deixou. Ele com certeza é um referencial para a nossa Igreja”, disse.
Com respeito ao fato de que alguns
católicos denotam que o atual papa é menos carismático que o seu antecessor,
João Paulo II, Padre Fernandes apontou que “cada pontífice apresenta uma
característica própria e o atual papa continuou o trabalho iniciado pelo
anterior, até porque os dois eram muito próximos, e seguiam a mesma linha”,
referenciou.
Segundo o católico Eliakin Silveira,
vocalista do Ministério de Música Unção Divina (do distrito de Juritianha, em
Acaraú), a carência de alguns carismas do Papa Bento XVI com relação a seu
antecessor, João Paulo II é devido possivelmente "à sua idade avançada,
como ele mesmo falou no comunicado do Vaticano. Talvez isso tenha impedido de
ele ter esses carismas”, especulou Eliakin.
Mas, como Padre Flávio Fernandes,
Eliakin acredita que Bento XVI tenha feito um excelente pontificado.
"Agradecemos ao nosso Bom Deus, por este grande Papa que Ele nos deu e ao
mesmo tempo com o nosso olhar cheio de esperança, rezamos por ele e pelo futuro
da Igreja no mundo inteiro. E já começamos a rezar por aquele que Deus escolherá
para conduzir a Santa Igreja", discorreu.
O anúncio da renúncia de Bento XVI
foi feito nesta segunda-feira (11), declarando que o cargo ficará vago no
próximo dia 28 de fevereiro. O atual líder da igreja foi nomeado após conclave
de Cardeais em 19 de abril de 2005. No comunicado escrito no Vaticano no último
domingo (10), o papa, que já apresenta 85 anos, diz não ter forças para dirigir
a Igreja por causa da idade. “Após ter examinado perante Deus reiteradamente
minha consciência, cheguei à certeza de que, pela idade avançada, já não tenho
forças para exercer adequadamente o ministério petrino”, declarou no documento.
O papa ainda reforça na carta ter a
plena consciência de seu ato. “Por isso, sendo muito consciente da seriedade
deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao Ministério de Bispo de
Roma, sucessor de São Pedro 9 (...) e deverá ser convocado, por meio de quem
tem competências, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice”.
Saiba Mais
Bento XVI não é primeiro pontífice a
renunciar. O primeiro foi o papa Clemente I (de 88 a 97 d.C.), que renunciou a
favor de Evaristo, porque após ser detido e condenado ao exílio decidiu que os
católicos não ficariam sem um líder. O papa Ponciano (230 a 235 d.C.) também
renunciou a favor do papa Antero, ao ser enviado ao exílio. O papa Silvério
(536 a 537 d.C.) foi obrigado a renunciar a favor do papa Vigílio. Bento IX (de
10 março a 1º de maio de 1045) renunciou a favor de Silvestre III e depois
retomou o cargo para passar a Gregório VI, que foi acusado de alcançar o cargo
ilegalmente e também decidiu renunciar. O pontificado do papa Celestino V durou
de 29 de agosto a 13 de dezembro de 1294 e depois se recolheu para uma vida de
eremita. Após sua renúncia foi eleito Bonifácio VIII. O último papa que
renunciou foi Gregório XII (1406 a 1415), que viveu o Grande Cisma do Ocidente,
no qual lideraram três papas ao mesmo tempo: além de Gregório XII, o papa de
Roma; Bento XIII, o papa de Avignon, e João XXIII. Com o concílio de Constança,
o imperador Sigismundo obrigou os três pontífices a renunciar, mas só Gregório
XII obedeceu e, depois dele, foi eleito Martinho V.
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