Situado no baixo Acaraú, o município de Marco é o principal polo da indústria moveleira do Ceará. As empresas instaladas na cidade são especializadas na fabricação de móveis residenciais e já empregam cerca de dois mil funcionários.
Devido à crescente expansão, tornou-se necessário importar matéria-prima, uma vez que a demanda tem crescido aceleradamente e a região não dispõe de espécies arbóreas que forneçam o tipo de madeira adequado para a fabricação dos produtos. De acordo com Júnior Osterno, presidente do Sindicato das Indústrias do Mobiliário do Ceará (SindMóveis), foi criado projeto, em parceria com a Embrapa, para que a produção de matéria-prima passasse a ser feita na própria região, respeitando o tipo de solo e clima.
Para isso, foram plantadas, em caráter experimental e pré-comercial, espécies como Sobrasil, Marupá, Chicá do Pará, Paricá, Acacia Mangium e Casuarina. O projeto, que teve início em 2010, tem como objetivo criar autossuficiência em madeira para abastecer o polo moveleiro do Ceará e demandas da construção civil. Júnior Osterno acrescenta, que dependendo da espécie, que venha a se adaptar ao clima e ao solo da região, o projeto poderá também contribuir com a produção de energia.
Há, hoje, 28 indústrias que serão beneficiadas com o projeto. Com a madeira sendo produzida na própria região, os custos com taxas e impostos, pagos pela importação, deixarão de existir, o que fará com que o produto final tenha preço menor, alavancando ainda mais o mercado.
Espécies
O momento é de avaliação de resultados. A questão é que o tipo de madeira adequada à produção moveleira não é facilmente cultivada nas condições climáticas do semiárido. Por isso, conforme Junior Osterno, foram analisadas 39 espécies, destas foram escolhidas oito para que se testasse como elas reagiriam dentro das condições climáticas e de solo do local. A expectativa é que o projeto, que é desenvolvido numa área aproximada de três hectares, consiga produção suficiente para abastecer a demanda da região, que até o momento recebe madeira de outros Estados, como Santa Catarina, Bahia e Espírito Santo.
Além de fornecer matéria-prima para a indústria moveleira do Estado, o projeto também contribuirá com a ampliação da área florestal do Estado, colaborando diretamente com o meio ambiente. Com o objetivo de incrementar ainda mais o mercado, o Sindmóveis criou a APL (Arranjo de Produto Local) , que consiste na cooperação entre as empresas participantes na realização de eventos, feiras, compras, entre outros.
Entre os benefícios, está a viabilidade de realização mais rápida de eventos do setor que ajudam a promover todos os envolvidos. Ao todo, as indústrias localizadas no município de Marco já somam cerca de R$ 100 milhões de faturamento, segundo Junior Osterno. O intuito é contribuir, enquanto entidade representativa, para o crescente desenvolvimento das indústrias do mobiliário do Ceará, tornando o estado um dos maiores produtores do ramo no País, com produção ara consumo interno e também para a exportação.
MARCOS MENDES
COLABORADOR
(Diário do Nordeste)
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